O Estado divide o poder em diferentes instituições para autenticar o seu próprio poder. Diferentemente dos contratualistas, Foucault acredita que o poder não se concentra nas mãos de um soberano como um objeto a ser tido por alguém, mas como uma relação de dominação a ser exercida por alguém e que pode ser burocratizada, ou seja, dividida entre diferentes instituições, criando uma grande rede de poderes, centralizada no Estado, garantindo a ordem.
Antes, a morte era usada pelo Estado para afirmar o poder do soberano, mas na atualidade, houve o desenvolvimento do Biopoder, que valoriza a vida acima de qualquer coisa e gera o Estado mínimo garantindo as condições básicas de sobrevivência dos indivíduos em uma política da longevidade, “fazer viver e deixar morrer”. O biopoder, além de garantir a vida, gera uma sociedade de controle através da dominação sutil que as instituições ligadas ao Estado têm sobre os indivíduos.
A dominação passa tão despercebida que as pessoas se acostumam a dar satisfações a desconhecidos e gostam disso, fazem questão de mostrar o quão corretas são suas atitudes e até participam de programas como o “Big Brother Brasil” e das redes sociais, comentando suas vidas com desconhecidos normalmente. O poder deixa de ser opressor e passa a construir o indivíduo pessoalmente dentro de uma lógica disciplinar.
Essa lógica disciplinar desenvolve o sistema capitalista, há uma racionalização de todas as atitudes dentro das instituições, por exemplo, a divisão do tempo dos trabalhadores em 8 horas de descanso, 8 horas de trabalho e 8 horas de lazer, que são dominadas pela lógica consumista. Cada indivíduo seguindo a disciplina dá origem a uma sociedade disciplinar, obediente a todas as regras de todas as instituições ligadas ao Estado. É preciso lembrar que essa disciplina é diferente da moral cristã, que julga atitudes certas e erradas. Ela cria indivíduos passivos e dóceis. As regras da sociedade disciplinar exigem controle de tempo, espaço, vigilância constante e gera conhecimento. Dentro de uma escola, por exemplo, os alunos passam cerca de 8 horas estudando (controle de tempo) em uma sala de aula (espaço), vigiados por um professor (estrategicamente colocado de frente para os alunos), que ensina o que os estudantes devem saber para viver em sociedade. Dessa sociedade disciplinar é que surge o biopoder já citado.
De toda forma, o Estado controla pela vida, seja em um regime absolutista em que o soberano mandava matar os súditos que fossem contra a sua vontade ou em um regime democrático como o em que vivemos no qual o governo se coloca responsável pela manutenção da vida e, através de diferentes instituições, mantém a ordem do sistema e garante seu poder através da lógica de dividir para unificar.