sexta-feira, 1 de abril de 2011

Príncipe Basco

O grupo armado Euskadi Ta Askatasuna (ETA) - em português, Pátria Basca e Liberdade - busca há anos a independência do país Basco, que atualmente pertence à Espanha. Suas lutas se baseiam nas diferenças lingüísticas e culturais do povo Basco. Este movimento é análogo ao príncipe de Maquiavel e, segundo seu texto, “os principais alicerces de qualquer Estado (...) consistem nas boas leis e nos bons exércitos”; no início, o grupo terrorista só utilizava a força como arma para conseguir seu fim, mas a resistência à violência pelo povo era grande demais. Agora, ETA explora a via política para ganhar uma maior aceitação da população e a oportunidade de legitimação dos meios para conseguir alcançar seu objetivo.
Para ser príncipe devemos passar por cima de tudo e todos. Desconsiderar os inimigos e não medir forças para enfrentá-los. E é a partir dessa filosofia que o ETA tem seguido sua história política. Fundado em 1959 por estudantes nacionalistas devido ao desentendimento com o partido nacionalista Basco (PNV), que era comandado por conservadores da época, o ETA tenta chegar ao poder através do uso da força e de constantes ataques terroristas, absorvendo parte da teoria maquiavélica de que um príncipe deve ser mais temido do que amado, mas esquecendo que o excesso de uso da violência acarreta no enfraquecimento da popularidade do líder. Atualmente, o grupo encontra-se isolado e enfraquecido, uma vez que perderam grande parte do apoio que tinha e passaram a receber críticas de todos os lados, outro fator que acarretou no enfraquecimento do grupo foi às diversas prisões realizadas a líderes e membros do ETA, que teve de passar por diversas mudanças internas.
O povo basco, desde o principio da formação dos Estados, luta por independência em seu território, porém, o governo oficial espanhol não a permite, o gerando conflitos  que duram décadas, desde antes da ditadura franquista. Maquiavel diz que a questão política é o resultado de forças, proveniente das ações concretas dos homens em sociedade. Nada é estável, diz ele. O espaço da política se constitui e é regido por mecanismos diferentes da vida privada. Sendo assim, os comportamentos sociais do povo basco poderiam ser considerados como vida privada, no entanto nada é estável, e o ETA é a prova disso.
O que o grupo terrorista deixa claro é a sua obsessão pela virtù. Eles pensam, planejam e almejam o poder político num novo país, o basco. Sua separação seria o maior exemplo de fortuna do grupo. Suas ações agressivas cessaram por ora, seu comportamento hoje é mais calmo e uma conquista por meios políticos nos traria paz. De qualquer forma, caso o projeto saia do papel, nos lembraremos com carinho do conselho de nosso velho Maquiavel: os fins justificam os meios.

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